Por vezes os golpes mais duros chegam de onde menos esperamos. Vêm daquelas pessoas com as quais baixamos todas as nossas guardas, daquelas à frente das quais nos despimos das armaduras que a vida nos obrigou a vestir, vêm da família.
Os laços de sangue que deveriam ser mais fortes na hora de abrir a boca muitas vezes desfazem-se e causam tantos estragos que ficam destruídos e não há nenhuma costureira do mundo que os refaça.
Ontem carne da minha carne foi atingida por uma dessas armas letais que são as palavras e eu senti cada uma das letras dilacerar-me as vísceras. Ninguém tem o direito de ser tão mau e tão baixo com outro ser humano. Todos temos as nossas dores, os nossos problemas porque raio sentimos necessidade de incutir aos outros, ainda por cima os que são da nossa família, mais dor, mais sofrimento baseado em mentira e falsas verdades? Ontem por momentos desejei não ter família (pais e marido não são família são a minha carne), um pensamento egoísta e estúpido e infeliz (eu sei) mas senti-o. E lamento-o profundamente. Dei por mim a pensar e se... Mas no momento imediato também preenchi o meu coração de alegrias, como a de receber o melhor abraço o mundo dos meus dois sobrinhos (primos) acompanhado pelas palavras mais doces e verdadeiras quando vindas directamente do coração... "adoro-te".
Não apaga a mágoa das outras palavras, das letais, mas coloca tudo em perspectiva. Faz com que contextualize aquela dor e a tente perceber. Que vá procurar explicações para elas terem sido ditas.
Continuo sem perdoar (Deus perdoa-me mas sou muito imperfeita e ainda não consigo), continuo sem as esquecer (parece que me tatuaram cada letra no meu coração)...
Perdoo para não esqueço.