O ano de 2018 vai terminar e eu continuo sem resposta para esta pergunta.
A verdade é que daí a mexer em tudo o que ela envolva exige mudança, introspeção, recolhimento, tempo, …. É mais confortável continuar a esconder-me na imagem de mãe de dois, que anda sempre a correr de um lado para o outro (o que não deixa de ser real mas não explicará tudo).
365 dias não me bastaram para responder a isto: Quem sou eu? Que pessoa é esta que habita o meu corpo?
Olho para trás e pergunto-me onde ficou a mulher? Vejo a mãe, a aparentemente profissional, a menos presente amiga mas e a mulher?
Perdi-a! Perdi-me!
Procuro-a e não a vejo em lado nenhum. Pouco me recordo dela, talvez por não a procurar no espelho há demasiado tempo. A roupa ficou no armário, as joias/acessórios não saíram das caixas, os saltos altos já nem conhecem a forma dos meus pés, a maquilhagem perdeu a validade (com exceção do rímel e da base). Os dias repetiram-se uns atrás dos outros, vezes sem conta: 3 fios que os meus homens me deram, os brincos que os meus homens me deram, a roupa que me permite brincar à vontade com os meus homens pequeninos e é isto… eles, por eles, sempre! Repetidamente. O pior de tudo é que a culpa de tudo isto não é deles. Não é mesmo. É exclusivamente minha e tao somente minha. Solitariamente minha.
A vida deu-me o privilegio de receber dois seres de luz na minha/nossa vida, devolveu-me um homem que eu afastei mais vezes do que ele merecia, deu-me saúde, manteve ao meu/nosso lado um pai e uma mãe maravilhosos que alteraram toda a sua vida em detrimento das nossas necessidades ( a minha mãe passou a morar connosco de terça à quinta e o meu pai passou a ficar sozinho nesse período, conseguem imaginar?) mas o que fiz eu para agradecer à vida o tanto que me ela me deu? Aprendi o significado da palavra GRATIDÃO em todo o seu esplendor e dimensão é certo, mas e eu sara o que te dei minha vida? Subtraí, passei o ano todo a subtrair-me, a anular-me, a evitar escutar os gritos interiores, a diminuir-me (não sei se aos olhos dos outros pois na verdade nem sei bem que sara chega a esse lado). Fará tudo isto parte do processo? Serão isto dores de crescimento interior que se irá refletir no exterior? Será que devo ficar satisfeita e simplesmente aceitar? Aceitar-me? Será que não estou a ser arrogante ao achar que mereço, que preciso de mais? Será que isto não é (mais) um capricho de filha única?
Não sei!
Não sei quem sou e o ano está a chegar ao fim.
Sei que a grande missão para o ano que está a chegar é mesmo este. Encontrar-me, reconhecer-me e seguir caminho levando comigo o tanto que já recebi.Reencontrar-me. Voltar a olhar-me nos olhos sem medo do que o espelho irá refletir. Olhar-me de frente, esboçar um sorriso e dizer bem alto: “gosto de ti”.
E não!!! Eu não vou deixar para amanha. Eu não vou deixar que chegue o dia 1 de janeiro para operar esta mudança. NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
O meu ano começa em 3, 2, 1… desejem-me sorte e por favor se me virem cair, me virem tropeçar… estendam-me a mão pois não há nada pior do que caminhar sozinha.
Um bom ano para todos os que tantas vezes me estendem a mão e que me seguem desse lado.