13/01/2017

MEMÓRIAS DE UMA MÃE EM CONSTRUÇÃO #2


Setembro 2015

O verão passou e regressámos à CUF sem novidades das boas e com a certeza de que a operação seria uma realidade. O dia já tinha sido decidido meses atrás - 23.09.2015. Tínhamos todas as esperanças de que este seria o ponto de partida para uma aventura positiva mas estávamos longe de imaginar o que nos esperava.

Estávamos a 15 dias (mais ou menos) da operação quando o telefone tocou, era a pessoa responsável pelo bloco operatório a informar-me que a minha companhia de seguros ainda não tinha dado o ok à intervenção cirúrgica e que pediam que fosse eu a contactar a mesma. Achei a situação irreal, primeiro como é que tinham deixado tanto tempo passar para me informar desta situação e pior colocar-me a mim como intermediaria uma vez que sou eu que pago às duas instituições. Entrei em contacto com a minha companhia de seguros e disseram-me que quem estaria em falta era o hospital desde Agosto, que eles aguardavam um relatório medico que nunca tinha sido entregue. Conseguem imaginar o meu espanto?

De novo agarrada ao telefone com o hospital, fiquei horas à espera que me atendessem. Andei de departamento em departamento e ninguém assumia a responsabilidade nem ninguém tinha uma resposta para me dar. Voltei a ligar mas desta vez para o responsável do bloco e foi este senhor que me disse “não desligue” e me levou “literalmente” agarrada ao seu ouvido por escadas e pisos até chegar ao piso da ginecologia/obstetrícia e entregar o telefone à rececionista do mesmo. Disse-me que ia pedir o relatório à médica de forma a resolver o assunto. Passaram dois dias e entrei em contacto com o hospital e afirmaram que já tinham enviado o relatório médico à companhia. Liguei para a companhia disseram que o relatório que receberam era da médica que me ia operar  e que o documento que eles precisavam era da médica de família (e foi neste momento que se fez luz na minha cabeça, eles queriam perceber em que data é que os miomas tinham aparecido para saberem se me iam mesmo pagar a operação ou iam dizer que era uma doença anterior ao contrato – espertalhões, mas isso eles não nos contaram). Não imaginam o meu estado de nervos… porque razão não tinham eles logo dito a que relatório médico se referiam desde o início?

Marcámos uma consulta de urgência com a médica de família para pedir o tal relatório (cujo nome eu já não podia ouvir mais). Com tudo isto os dias foram passando e estávamos a 3 dias da operação e nós neste impasse. De repente dei por mim a pensar, a médica disse que me iam contactar para marcar a consulta com a anestesista e o eletrocardiograma (estava em duvida se iria ser operada com epidural ou anestesia geral), a minha mãe disse-me que muitas vezes essas consultas acontecem na véspera. Mas o meu sexto sentido mais vez alertou-me e preferi ligar para a CUF para saber quando iam acontecer essas consultas. Preparados para mais? “Mas ainda não fez essas consultas?” fiquei para morrer com esta indignação toda. Eu estava a falar com o responsável do bloco que tem acesso informático a toda a informação sobre a minha saúde, que me estava a marcar uma operação e estava mesmo a fazer-me esta pergunta? Eu disse que a médica tinha afirmado que entrariam em contacto comigo (e juro-vos que nesse dia agradeci nunca ir às consultas sozinha para existirem mais dois ouvidos a ouvirem o mesmo que eu, pois com tanta confusão já não confiava em mim e no meu discernimento). Lá marcámos as duas consultas para a manha da minha operação… em vez de dar entrada no internamente às 14 iria entrar às 10 para fazer exames. Maravilhoso!!!

Mas de facto a pior notícia estava para vir… o meu sogro estava internado com uma infeção pulmonar que se viria a generalizar e se converter numa septicemia, em risco de vida. E eu?? Eu estava um resto… chorei tanto sozinha. Como é que eu podia entrar no bloco para uma operação com o meu sogro noutro hospital em perigo de vida, sem o poder ver (para não correr o risco de apanhar algum vírus hospitalar), forçando o meu marido a dividir-se entre visitas à mulher e ao pai? Como?? Como é que eu podia estar calma e cheia de esperança se a vida me estava a colocar à prova assim? Só queria adiar a maldita operação…

Foram todos unanimes em me empurrar para o bloco, que nada podia fazer, que a nossa luta não podia ficar suspensa por mais tempo e que tudo ia correr bem… acreditem que o fiz por todos os que me amam pois não me apetecia mesmo!!!

O hospital de novo ao telefone, véspera da operação e a autorização continuava por ser dada por parte da companhia. De novo ao telefone com a seguradora e acreditem que a minha paciência, a minha tolerância, a minha resistência estavam a ser testados de uma forma nunca antes testada…

(continua)

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