11/01/2017

MEMÓRIAS DE UMA MÃE EM CONSTRUÇÃO #1



Um esclarecimentos antes de dar inicio a este diário... esta é a nossa historia e não é de todo o generalizar de fatos, acontecimentos e pessoas. Cada caso é um caso, e não há receitas miraculosas. estas palavras apenas pretendem, e porque foram varias as pessoas que mostraram interesse em saber mais (porque se sentem próximas por algum motivo a tudo o que se passou connosco) ajudar de alguma forma. Se no final de tudo isto uma pessoa se sentir melhor com a nossa historia de sucesso então tudo terá valido a pena. Este diário surgiu pela minha necessidade de materializar os meus medos e receios sem alarmar os que me amam e que leem este espaço...


Maio de 2015...

"Após meses a tentar que a natureza cumprisse a sua parte nesta luta pela natalidade decidimos que o serviço nacional já não preenchia as nossas necessidades. À porta dos 40 e sem nos sentirmos apoiados pela nossa médica de família e que apenas nos dizia “relaxem, isso é o sistema nervoso a funcionar contra vocês”, sem equacionar sequer em nos encaminhar para um serviço mais assertivo no nosso caso. Procurámos entre os amigos referências de médicos e um nome surgiu no imediato. Uma médica que não reunia o consenso no que diz respeito à simpatia e afetividade mas cujo curriculum e o reconhecimento pelos pares nos permitia acreditar que podia ser por ali. Marcámos consulta na Cuf de Cascais, afinal de contas era para um momento como este que eu andava a pagar o seguro de saúde.
Confirmou-se tudo o que tínhamos lido sobre a médica. Aparentemente sisuda e de cara trancada, um nadinha bruta mas no final de contas não estávamos ali para fazer amigos mas sim para ter uma opinião competente. Logo na primeira consulta e após uma eco vaginal foram-me detetados 3 miomas e um deles de grande dimensão (a maioria dos miomas são benignos porem quando se trata de um mioma de maior dimensão este pode degenerar em cancro). Assim de repente estava detetado um dos fatores que não estaria a permitir a nossa gravidez, outros apenas poderiam ser tomados em linha de conta após uma bateria de exames, que ambos teríamos de fazer. Eu sou pessoa que prefere verdades cruéis a mentiras piedosas e o facto de haver ali qualquer coisa que não estava bem de alguma forma deu-me algum alento pois agora eu sabia o que tinha de combater. 3 Bolas que existiam no meu utero que estavam a mais. Tinham de sair!
Exames marcados, exames feitos, resultados vistos e revistos e os miomas pareciam ser mesmo um dos fatores a ter em conta bem como o facto da minha reserva de folículos (a mulher nasce com a totalidade dos folículos e ao longo da vida eles vão “morrendo”) já ser de uma pessoa com quase quarenta anos e cuja mãe teve indícios de menopausa precoce (esta parte é muito importante pois a menopausa da mãe por norma dá indícios de que a filha poderá também ela ter a menopausa na mesma altura)
O tempo não jogava a nosso favor. Começamos a fazer medicação (Dufine e ácido fólico) pois caso a gravidez acontecesse nestes meses de verão (em que se diz que andamos todos mais alegres, soltos e fofos) seria perfeito e íamos vigiando os miomas de forma mais regrada ao longo da gravidez mas a médica decidiu que ficaria já marcada uma miomectomia em Setembro.
Assim que ouvi o nome miomectomia, claro, fui logo pesquisar e percebi que existiam vários métodos e o mais recorrente nos últimos tempos era vulgarmente chamado de furinhos, por laparoscopia, a outra de barriga aberta assustou-me um bocadinho confesso. Mas não quis pensar muito nisso e fui de férias… fomos de férias com os trabalhos de casa anotados (se é que me entendem)"

(continua)

13 comentários:

  1. A infertilidade é uma doença, é lamentável que os médicos continuem a achar que basta relaxar, em vez de encaminharem os doentes para especialistas.

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    1. Se tivéssemos continuado no SNS possivelmente ainda estaria a tomar Dufine até o meu fígado rebentar... a nossa experiência foi muito má mas há quem tenha uma experiencia completamente contrária. Como em tudo é preciso sorte!!!

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    2. Incrivelmente, existem também alguns ginecologistas que não sendo especialistas em fertilidade, também consultam casais que de deparam com dificuldades em ter filhos. E não se dão à diginidade de reconhecer que não são especilaistas e enviarem os pacientes para quem percebe mesmo do assunto, no SNS ou no privado, e isso é lamentável. Posso dizer-te que andei 6 meses, SEIS, a fazer o registo da temperatura corporal (que coisa mais arcaica!) e depois mais 3 meses a tomar Dufine (e a dar cabo do físico), sem fazer sequer nenhum exame de jeito para além das análises hormonais! Sim, é preciso sorte e ser uma pessoa esclarecida e não ter medo de questionar!

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    3. A minha medica de família na consulta de planeamento a primeira vez que lá fomos para fazer o check up de forma a começarmos mais à séria, ela nem uma ecografia me mandou fazer e mandou-me fazer uma mamografia a pedido meu pois tinha feito uma redução mamaria há 3 anos e o meu cirurgião plástico tinha-me aconselhado a vigiar nos anos seguintes... e eu só pensava "e quem não tem a sorte de poder ir para privado ou ter outra medica á altura??"... é lamentável que nos curso de medicina se insista no numero de média e não na vocação que as pessoas têm.

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  2. Princesa

    A minha experiência não foi em nada diferente, quando consultei a minha médica de família, que tinha de ser operada (tive endometriose - causa de infertilidade) ela disse: "Vais ser operada no particular??? Vais para o hospital público e vês o que te dizem porque nem sempre aí está a resposta"...........................................
    Como o meu desejo superava tudo e todos lá fui eu ser operada.
    Continua que estou ansiosa pelo próximo texto!!!

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    1. Cada vez mais me convenço que até na medicina temos de ter sorte nas pessoas com que se cruzam connosco. Está mais um a sair do forno :)

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  3. Bem, também podia partilhar a minha história (acho que nunca o fiz assimd e uma forma organizada como estás a fazer, no blog, mas agora que leio os teus registos, fiquei cheia de vontade de escrever), mas o que queria mesmo dizer-te é que o que me ajudou bastante foi partilhar as emoções, conhecimentos e dúvidas no fórum da associação portuguesa de fertilidade, ainda hoje mantenho amizades, mesmo que virtuais, que criei por lá! E muito do que hoje existe nos tratamentos no SNS foi graças à APF e á sua luta por aumentar a comparticipação dos medicamentos, aumentar o número de ciclos de tratamento, a idade até à qual se fazer os tratamentos, ao envio para o privado em alguns casos. Ui...tinha tanto para falar, mas o comentário já vai longo! à espera da continuação ;) Beijinhos

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    1. Olha e eu triste por ninguém me ter falado na associação portuguesa de fertilidade. Foi por pesquisa própria que cheguei a eles, fiz-me socia e só depois percebi que tinha inúmeros benefícios quer no valor do tratamentos quer nas farmácias. A cota anual é minima 30e e fica paga na primeira ida à farmácia. O primeiro tratamento que fizemos pagámos na integra mas no segundo já conseguimos usufruir de desconto, mesmo numa clinica sem comparticipação do seguro. E é por causa de exemplos como este que eu acho importante partilharmos as nossas historias...

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    2. Eu cheguei até à APF pela net e depois por conversa com uma amiga. Às vezes, com a falta de partilha destas vivências perde-se informação muito útil. Na APF encontrei muitas pessoas e ainda hoje são minhas amigas, mesmo que virtuais. (como vai a gravidez?)

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    3. A gravidez está a dar cabo da mim da melhor maneira... os enjoos nem com 3 nausefs me passam (mas é por uma boa causa). Beijocas

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  4. A partilha é excelente e sempre podes ajudar alguns casais a passar pelo mesmo.
    As contas da farmácia são enormes
    e no meu caso também não tinha conhecimento da APF.
    Continua que estamos ansiosas pelo próximo!!!

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    1. Infelizmente são poucas as pessoas que conhecem... em contas de farmácia de 300euros ou mais (como tivemos varias) a cota da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FERTILIDADE fica paga (são 30e anuais) e nós mesmo que já tenhamos conseguido o nosso milagre vamos continuar a pagar pois é uma associação que ajuda mesmo quem anda nesta luta. As mensagens que já recebi fazem com que faça sentido para mim/nós esta partilha. Beijocas

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    2. Aproveito para dizer que o Fórum de discussão da APF é um local excelente para partilhar e tirar dúvidas!

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