26/03/2015

A MORTE INESPERADA E A MORTE ANUNCIADA

A morte é daqueles temas que me dá náuseas, me revolta as entranhas e me dilacera a carne. Mas eu falo nela. Na verdade gosto de falar nela pois como já disse muitas vezes não se cura o que não se verbaliza. Assim preciso de escrever sobre ela de quando em vez.
Esta semana tem sido uma razia no que diz respeito a este tema. Primeiro a morte inesperada. A morte que surge sem se fazer anunciar, sorrateira e sonsa e que levou o pai de uma amiga (ainda não encontrei as palavras para curar a tua dor*) e o meu poeta, Herberto Helder. O único poeta, para alem do meu grande Fernando Pessoa, que cresceu comigo durante 20 anos. O meu poeta que escreveu um dia o melhor poeta de amor que algum dia li - O triptico, Um poema que diz "(...) E gritam e batem. Ele bate-lhe com o seu espírito de amador. E ela é batida, e bate-lhe com o seu espirito de amada. Então o mundo transforma-se neste ruído áspero do amor. Enquanto em cima o silencio do amador e da amada alimentam o imprevisto silencio do mundo e do amor.". Lindo e que permanecerá eterno em mim como um pai será sempre real na vida de uma filha, ainda que não de forma física.
Depois vem a morte anunciada, a morte que adoece e que corrói um corpo até este ceder e que levou o escritor Luís Miguel Rocha. Para mim o "meu" Dan Brown português e que tantas vezes me acompanhou em horas de leitura. Prazerosas e reconfortantes. 
A morte é daqueles temas que me dará sempre náuseas, que me revoltará sempre as entranhas e que me dilacerá sempre a carne mas (infelizmente) é a única coisa certa que temos depois de nascer! 

*sim este pai tem nome mas por razões de respeito e privacidade não o anunciarei

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