O natal também é proporcionar aos nossos, aos que amamos, momentos marcantes. Há alguns anos atrás tomei a decisão que o melhor presente que poderia dar aos meus pais seria proporcionar-lhes momentos únicos. Quando não podemos dar o mundo, quando não podemos dar saúde que será o bem mais precioso que existe o melhor será mesmo estarmos juntos e partilharmos experiências. Desde essa altura que comecei a oferecer bilhetes para concertos ou teatro. Assim nasceu uma tradição.
Este natal levou-nos até ao CCB e ao concerto da Dulce Pontes. Pais, sogros, eu e um senhor (algo contrariado) que casou comigo deixámos as doenças em casa e lá fomos a uma das minha salas favoritas de espectáculos ( a aula magna será sempre a sala do meu coração). Sem grandes expectativas e à espera de uma Dulce Pontes empoeirada, esganiçada e a debitar a Lusitana Paixão (musica que insistem em chamar de fado erradamente), chegámos. Não podíamos estar mais errados. Meu Deus o que andou esta mulher a fazer pelo mundo e que nós, portugueses, não testemunhámos? Começou num registo do qual não sou particularmente fã, o tal mais esganiçado e ao piano, mas à medida que avançava,levou-nos numa verdadeira viagem ao passado, que passou pelo presente, atingindo o futuro. Fado, folclore, música galaico-portuguesa e popular, poemas de Fernando Pessoa de tudo houve e tão bom! Momentos houve em que parecia estar num concerto de umas das minhas bandas favoritas "DEAD CAN DANCE" e a sua voz se assemelhou ao de Lisa Gerrard (uma das vozes da minha vida). O palco foi dominado por ela, dançou, pulou. brincou, gracejou, conquistou! E nem mesmo quando, no segundo encore, nos brindou com a lágrima (que me levou literalmente às lágrimas) nos roubou o sorriso. Saímos felizes e com coisas para contar. Com um assunto para conversar. Pais e sogros felizes e marido semi conquistado lá deixou escapar "se num concerto existem 2 ou 3 momentos bons então já valeu a pena" (e depois a mau feitio sou eu...).
Presente de natal oferecido, desembrulhado e vivido. Que venha o próximo...
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