08/01/2015

DIÁRIO DE UMA FUTURA EX-GORDA #12

Não, não desapareci. Não, não me ando a fazer de esquecida. Não, ainda não estou magra. Mas sim, estou 14 quilos mais magra do que o ano passado.
Quase que consigo ouvir "coitadinha desde Abril e só perdeu isso??" ,"se tivesse mexido o cu gordo tinha melhores resultados", "dou-lhe 3 meses para estar igual" mas por outro lado também consigo ouvir "se ela consegue eu também serei capaz", "fico feliz que tenha conseguido", "se calhar chegou a altura de eu também fazer alguma coisa!",... Na vida tudo o que fazemos é julgado e adjectivado e aqui começa a primeira lição que 2014 me trouxe: cada grama perdido é por mim, porque já não o quero na minha vida, porque sinto necessidade de lhe dar um valente chuto e dizer adeus até nunca mais. Esta é a lição mais simples mas mais complicada. Porquê? Porque nos deixamos deslumbrar pelos primeiros gramas perdidos, pelas calças que começam a cair e facilmente caímos no mesmo erro de sempre: se calhar já posso comer isto ou aquilo. Não! Lição numero dois: uma vez gorda para sempre gorda (em recuperação). Esta é polémica mas passo a explicar o meu ponto de vista: cada corpo tem um metabolismo próprio, cada corpo reage à privação de alimentos de forma diferente e é necessário conhecermos bem este pequeno T0 que nos foi oferecido à nascença. Eu sou gulosa e não há nada nem ninguém que me demova dos meus açucares. Não há teoria alguma que me faça olhar para um bróculo da mesma forma que para um belo "after eight", ou para um alho francês da mesma forma que para um belo prato de massa (qualquer uma). Não há. Jamais me irá apetecer um punhado de amendoas em detrimento de um pacote de pipocas no cinema. Agora eu aprendi que para comer, de vez em quando, estes pedacinhos de mau caminho tenho de pagar um preço. Pensamentos gordos pagam-se caros. E por isso, levo a minha sopinha para alguns jantares de amigos, rodeio-me de amêndoas com pele (as menos atractivas mas com mais nutrientes), gelatinas, fruta desidratada,... Para acelerar o metabolismo lá encho a garrafinha de água com uma pitada de canela ou pimenta cayena. Truques. Pequenos truques de uma gorda em recuperação. O meu paladar gosta de coisas doces mas, e aqui entra a terceira lição de 2014, pode ser reeducado: quanto menos doce ingiro menos suporto. É verdade: pela primeira vez digo não ao chocolate, deixo uma fatia de bolo a meio, não termino um prato porque me sinto saciada...
2014 foi um ano sem truques mas com uma mudança: eu mudei. Se eu gostava de continuar a comer tudo o que me apetecesse? sim a verdade é que sim e seria a pessoa mais hipócrita se não o afirmasse mas a verdade é que pesando na balança a minha necessidade de mudar era superior. Olhar para o espelho com os meus olhos e não com os olhos dos outros. Decidir porque todo o meu corpo pedia mudança e não porque o A ou B assim o ditou.
Eu apenas perdi 14 quilos mas podia ter decidido não ter perdido nenhuns. Podia ter continuado no padrão feliz e gorda. Não o fiz.
O meu caminho é longo. Será para o resto da minha vida e por isso permito-me paragens. Não sou escrava da minha dieta. Tenho a liberdade para parar quando me sinto cansada (como fiz no mês de Dezembro) mas com a certeza que de que pausa não é stop e que há mais terreno para pisar. A meta está longe mas tudo é caminho quando se sabe o que se quer atingir. 
Muitas foram as pessoas que me perguntaram como fez? Como conseguiu? Conte-nos os seus truques... A minha primeira resposta é: Não existem truques! Tudo mas tudo o que ouvimos os nutricionistas dizerem, tudo o que ouvimos os treinadores afirmarem é valido a nós compete-nos encontrar a nossa receita. Ouvir aqui, ler ali, assimilar estes conselhos, ignorar outros tantos e construir o nosso guião para uma vida feliz. Nenhuma dieta, nenhuma perda de pesa nos deve levar para o lado oposto da felicidade. Tudo tem de contribuir para sermos pessoas mais felizes e não o contrario. 
Por tudo isto eu nao perdi apenas 14 quilos: eu perdi os quilos que me permitiram continuar a ser uma pessoa feliz e isso não há balança alguma que pese! 

E em jeito de desejo: se 2014 me trouxe alguma disciplina alimentar em 2015 quero (espero, desejo, anseio) que este me traga alguma disciplina no campo de me manter mais activa. 


Alguém se junta?









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