24/05/2014

CONTINUO À SUA ESPERA DR. SHEPHERD...

O dia de ontem parecia tirado de uma das séries que sigo religiosamente há anos... Grey's Anatomy. Quando a minha mãe me ligou a dizer que a minha avó tinha ido às urgências o primeiro pensamento foi "mais uma mazela da idade, os seus 89 anos lá fizeram mais uma das suas", caí no facilitismo de pensar "mais um medicamento a juntar ao seu vasto cocktail e a coisa passa". Errada. Tão errada. Depois da entrada nas urgências veio o "vai ficar internada para fazer mais exames" , aí todas as campainhas de alarme soaram dentro de mim e pensei "não te quero aí avó, nesse sitio é que eu não te quero ver". Novo telefonema e a promessa que de no dia seguinte (ontem) haveria uma conversa ao meio dia com a familia e com a equipa medica que a viu.
O meio dia chegou. A conversa aconteceu. O meu telefone tocou. E nunca mais eu saí do meio-dia. O meu relógio parou ali. E foi mesmo ali que eu entrei na Grey's Anatomy, foi ali perante o diagnostico de um tumor no cérebro que eu vi o  Dr. Sheperd falar com a sua Meredith sobre um caso de uma senhora de 89 anos que teria de operar mas que iria correr bem, afinal de contas era um caso simples. E andei por aqueles corredores a cruzar-me com o jeitoso Jackson Avery, com a muito rabugenta mas querida Miranda Bailey, com a doce April, com o não mesmo jeitoso Karev,... andei por ali perdida à espera. No final do telefonema a frase que mudava tudo "Sara os médicos ainda não decidiram o que vão fazer, só na próxima segunda feira é que saberemos".  Como?? Mas o meu Dr. Sheperd já está pronto. Ele disse que era simples! Mais ninguém o ouviu? Tropeço na Dra. Yang e ouço-a dizer " nem penses em operar, não vai aguentar, muito velha, coração muito fraco, muito magra. Esquece está condenada. Passa para outro". Não foi preciso esperar por segunda feira. O telefone voltou a tocar à noite, hora em que se fingia que se jantava, em que se falava dos temas mais banais, mais parvos para evitar tocar onde doí. À hora de jantar a decisão a minha Dra. Yang estava certa... certa no diagnostico nada certa na cura. Mimar era o remédio. É o que nos resta. E naquele momento eu quis entrar pelo plasma dentro e agarrar-me a todas as personagens de ficção que criei neste momento de dor para os obrigar a voltar atrás no guião. Voltar a darem-me a esperança que a realidade me estava a roubar. Por isso Dr. Sheperd eu continuo à sua espera... 




2 comentários:

  1. Oh. Sara não tenho palavras só muita força pois é difícil saber que um dia iremos perder aqueles que mais amamos eu sei do que estou a falar já cá não os tenho há uns bons a minha família que eu amava tanto agora vive-se com a que construí-mos e é bom também pois dá-nos a força que precisamos para continuar e falar das recordações únicas para nós. Muita força amiga estarei sempre disponível para o que precisar não sei exprimir-me tão bem pelas novas tecnologias mas estarei sempre mas sempre ao dispor para si que aprendi a gostar e nutrir de grande amizade e carinho. Muita mas muita força e um beijinho grande e colorido dentro do possível.

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    1. MInha doce Maria (minha porque entrou na minha vida e gosto tanto de a ter perto de mim que já não a deixo sair) o primeiro egoísmo é de não querer que partam mas depois vem o outro lado, o racional e vem o não querer que sofram. Esse é o meu maior pedido... que não sofra. Ontem de forma muito esforçada ouvi aquilo que qualquer neta gostaria de ouvir e eu retribui da melhor forma que soube (sem que a emoção se apoderasse de mim). Nada pode ficar por dizer... nada. Obrigada pelo carinho e espero um dia saber retribuir da mesma forma. Muitos beijinhos coloridos <3

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