É nos tempos difíceis que fazemos
uma introspecção e percebemos o que realmente é essencial para a nossa sobrevivência.
Os afectos e os nossos amores são sem sombra de dúvida o alimento que o nosso
alento necessita para superar e sobreviver ao incerto. Porque é disso que se fala:
incerto. Não sabemos quando esta pandemia vai terminar, quando chegará a vacina
que nos fará ficar um nadinha mais aliviados, quando é que o número de curados
vai ser muito superior ao número de infectados e mortos… a incerteza é a única certeza
do momento. Posto isto, e porque honestamente estou farta de notícias falsas/áudios
de medicas amigas a espalhar o pânico, hoje vou falar da minha dupla mais
querida.
Francisco e Pedro e os seus “terrible
two”.
Podia ser o nome de uma saga de filmes,
mas não. É esta a nossa realidade (e ainda bem como é obvio). Cada vez mais se
nota que são seres humanos totalmente diferentes, mas também começa a ser evidente
que quando a parvoíce aparece logo se juntam de forma a potenciar ainda mais a
coisa.
O Francisco continua a ser o mais
meiguinho dos dois, mas claramente o mais birrento. Sabem aquelas birras de
rebolar no chão, bater os pés e chorar como se a vossa vida dependesse disso??
É a descrição do Francisco. Tudo um drama, tudo uma questão de vida ou morte,
uma actuação digna de um Óscar (quem sabe um dia…). Tão depressa nos está a
tentar dar uma palmada como nos está a fazer as festinhas mais docinhas que
alguma vez conhecemos. É uma grafonola que não se cala, que repete as terminações
das nossas frases, que canta numa linguagem claramente alternativa, que adormece
ao som da sua própria voz (já que não se cala), que grita “PEDUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU”
e do outro lado ouve-se um “FIQUICOOOOOOOOOOOOOO” que nos faz enternecer. Corre
como se fosse um dinossauro com as mãozinhas para cima (coloca-lo num rancho não
está ainda descartado), nunca está de acordo com o irmão na hora de escolher os
desenhos animados a ver, adora telefones e ainda mais de fazer chamadas
internacionais (na sua maioria para os estados unidos) com o telefone BLOQUEADO
(temos cerca de 3€ por mês reservados a estas chamadas na fatura do telefone),
continua a comer tudo em modo agridoce já que a carne e o peixe têm de ir
afogados em puré de fruta caso contrario não come nada (quer dizer bolachinhas
e pão marcham que é uma beleza), bebe mais agua num mês do que eu no ano inteiro
(e ainda bem), não dispensa dormir com uma chucha na boca e mais umas 4 espalhadas
em cada mão que depois vai esfregando na cara a seu belo prazer (desisti de
entender mas funciona porque dorme sestas de 3 horas ou mais e à noite 12 horas
seguidinhas), ama de paixão as suas bolachinhas dos “miões xuate” (traduzinho são
bolachas em forma de micro tubarões de cacau e a única coisa doce alem dos
iogurtes que come, e claro são racionadas). É o meu filho de cabelo lisinho que
não adianta fazer risco ao lado pois ele se vai desfazer com a mais pequenas
das brisas e que dorme com o seu “Kikey” sempre ao lado (para os comuns dos
mortais é Mickey). É o mais novo (1 minuto) e estamos constantemente a chamá-lo
de Francisquinho apesar dos seus 88cms de altura e os 13200 gramas de peso (acima
do seu irmão que nasceu com mais meio quilo e que se deixou ultrapassar). É o
nosso filho que a determinada altura nos inspirou medos e receios pois tinha comportamentos
repetitivos que assustaram, o nosso filho que entrando para a creche nos
surpreendeu tanto que seremos eternamente gratas a todas as pessoas que fazem
parte desta história escolar.
O Francisco é o mel e o sal da
nossa vida.
Falemos do Pedro. O sedutor. O
charmoso. O desafiador. O provocador. O bailarino. Falemos do facto de estar
convencido que tem 18 anos e que manda alguma coisa cá em casa (bem na verdade é
como diz um amigo nosso eles mandam na nossa vida não podem é saber disso), de
ser oficialmente o dono do comando cá de casa, aquele que já não quer saber do
comando da box porque sabe que o youtube kids é controlado com o comando da televisão.
Gosta de jogar à bola e para desgosto do pai até tem algum jeito, é o medricas
e cauteloso (claramente sai à mãe) que anda de skate com o pai mas gosta mais
de ter os pés assentes no chão. É o nosso filho líder, que sabe claramente o
que quer mesmo que isso signifique ficar “apenas” com 3 carros e o irmão com
10. Se forem aqueles os eleitos nada o demove e isso claro provoca muitas “guerras”
cá em casa. Esconde os brinquedos que gosta para o irmão não lhes mexer. Já
gosta de estar sentado a ver os seus desenhos animados favoritos, chegamos a
apanhá-lo de boca aberta de tao entretido que está. Gosta de dizer olá fazer
fixe e dar “fives” a todas as pessoas que connosco se cruzam e por isso foi tao
difícil explicar-lhe que neste período não o podemos fazer. É o nosso menino
envergonhado. Continua a ser o meu mini me de tao parecido que é (até na hora
de acordar). É o rodinhas baixas cá de casa pois apenas tem 86cms e 12500
gramas. Tem caracóis e cabelo indisciplinado e acorda muitas vezes de noite a
gritar “maeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee colho (mãe colo)”. Tem-me (nos)
pregado alguns sustos e à sua conta já andei mais vezes de ambulância no último
ano do que nos 44 anos restantes da minha vida.
Não come bolachas partidas,
escusam mesmo de lhas dar pois não aceita, e a sua comida favorita é açorda (os
genes alentejanos a funcionar muito bem). Saboreia a comida e levanta um dedinho
cada vez que pega em qualquer coisa que leva à boca (é tão menino de cascais tá
a ver?). É teimoso como a mãe e o pai juntos e ninguém o demove das suas
ideias.
É o nosso filho mais velho e
parece-me que herdou claramente não só o aspecto da mãe bem como a pancada que
ela, eu, tem pelo “KAKI” que é como quem diz Mickey.
O Pedro é o espertalhão, o visionário.
Dizer que estes dois anos e nove meses
passaram depressa é um eufemismo. Tudo passou de forma avassaladoramente rápida, e não querendo
ser injusta para quem tem apenas um filho, mas com gémeos parece que tudo
acontece em sequência sem conseguirmos respirar. Que vivemos em constante apneia.
Estes dois pequeninos são com
toda a certeza o melhor de mim.
O meu mundo.
O meu tudo.
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