16/03/2020

FRANCISCO E PEDRO: O MEU SONHO CONCRETIZADO


É nos tempos difíceis que fazemos uma introspecção e percebemos o que realmente é essencial para a nossa sobrevivência. Os afectos e os nossos amores são sem sombra de dúvida o alimento que o nosso alento necessita para superar e sobreviver ao incerto. Porque é disso que se fala: incerto. Não sabemos quando esta pandemia vai terminar, quando chegará a vacina que nos fará ficar um nadinha mais aliviados, quando é que o número de curados vai ser muito superior ao número de infectados e mortos… a incerteza é a única certeza do momento. Posto isto, e porque honestamente estou farta de notícias falsas/áudios de medicas amigas a espalhar o pânico, hoje vou falar da minha dupla mais querida.

Francisco e Pedro e os seus “terrible two”.

Podia ser o nome de uma saga de filmes, mas não. É esta a nossa realidade (e ainda bem como é obvio). Cada vez mais se nota que são seres humanos totalmente diferentes, mas também começa a ser evidente que quando a parvoíce aparece logo se juntam de forma a potenciar ainda mais a coisa.
   
O Francisco continua a ser o mais meiguinho dos dois, mas claramente o mais birrento. Sabem aquelas birras de rebolar no chão, bater os pés e chorar como se a vossa vida dependesse disso?? É a descrição do Francisco. Tudo um drama, tudo uma questão de vida ou morte, uma actuação digna de um Óscar (quem sabe um dia…). Tão depressa nos está a tentar dar uma palmada como nos está a fazer as festinhas mais docinhas que alguma vez conhecemos. É uma grafonola que não se cala, que repete as terminações das nossas frases, que canta numa linguagem claramente alternativa, que adormece ao som da sua própria voz (já que não se cala), que grita “PEDUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU” e do outro lado ouve-se um “FIQUICOOOOOOOOOOOOOO” que nos faz enternecer. Corre como se fosse um dinossauro com as mãozinhas para cima (coloca-lo num rancho não está ainda descartado), nunca está de acordo com o irmão na hora de escolher os desenhos animados a ver, adora telefones e ainda mais de fazer chamadas internacionais (na sua maioria para os estados unidos) com o telefone BLOQUEADO (temos cerca de 3€ por mês reservados a estas chamadas na fatura do telefone), continua a comer tudo em modo agridoce já que a carne e o peixe têm de ir afogados em puré de fruta caso contrario não come nada (quer dizer bolachinhas e pão marcham que é uma beleza), bebe mais agua num mês do que eu no ano inteiro (e ainda bem), não dispensa dormir com uma chucha na boca e mais umas 4 espalhadas em cada mão que depois vai esfregando na cara a seu belo prazer (desisti de entender mas funciona porque dorme sestas de 3 horas ou mais e à noite 12 horas seguidinhas), ama de paixão as suas bolachinhas dos “miões xuate” (traduzinho são bolachas em forma de micro tubarões de cacau e a única coisa doce alem dos iogurtes que come, e claro são racionadas). É o meu filho de cabelo lisinho que não adianta fazer risco ao lado pois ele se vai desfazer com a mais pequenas das brisas e que dorme com o seu “Kikey” sempre ao lado (para os comuns dos mortais é Mickey). É o mais novo (1 minuto) e estamos constantemente a chamá-lo de Francisquinho apesar dos seus 88cms de altura e os 13200 gramas de peso (acima do seu irmão que nasceu com mais meio quilo e que se deixou ultrapassar). É o nosso filho que a determinada altura nos inspirou medos e receios pois tinha comportamentos repetitivos que assustaram, o nosso filho que entrando para a creche nos surpreendeu tanto que seremos eternamente gratas a todas as pessoas que fazem parte desta história escolar.

O Francisco é o mel e o sal da nossa vida.

Falemos do Pedro. O sedutor. O charmoso. O desafiador. O provocador. O bailarino. Falemos do facto de estar convencido que tem 18 anos e que manda alguma coisa cá em casa (bem na verdade é como diz um amigo nosso eles mandam na nossa vida não podem é saber disso), de ser oficialmente o dono do comando cá de casa, aquele que já não quer saber do comando da box porque sabe que o youtube kids é controlado com o comando da televisão. Gosta de jogar à bola e para desgosto do pai até tem algum jeito, é o medricas e cauteloso (claramente sai à mãe) que anda de skate com o pai mas gosta mais de ter os pés assentes no chão. É o nosso filho líder, que sabe claramente o que quer mesmo que isso signifique ficar “apenas” com 3 carros e o irmão com 10. Se forem aqueles os eleitos nada o demove e isso claro provoca muitas “guerras” cá em casa. Esconde os brinquedos que gosta para o irmão não lhes mexer. Já gosta de estar sentado a ver os seus desenhos animados favoritos, chegamos a apanhá-lo de boca aberta de tao entretido que está. Gosta de dizer olá fazer fixe e dar “fives” a todas as pessoas que connosco se cruzam e por isso foi tao difícil explicar-lhe que neste período não o podemos fazer. É o nosso menino envergonhado. Continua a ser o meu mini me de tao parecido que é (até na hora de acordar). É o rodinhas baixas cá de casa pois apenas tem 86cms e 12500 gramas. Tem caracóis e cabelo indisciplinado e acorda muitas vezes de noite a gritar “maeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee colho (mãe colo)”. Tem-me (nos) pregado alguns sustos e à sua conta já andei mais vezes de ambulância no último ano do que nos 44 anos restantes da minha vida.
Não come bolachas partidas, escusam mesmo de lhas dar pois não aceita, e a sua comida favorita é açorda (os genes alentejanos a funcionar muito bem). Saboreia a comida e levanta um dedinho cada vez que pega em qualquer coisa que leva à boca (é tão menino de cascais tá a ver?). É teimoso como a mãe e o pai juntos e ninguém o demove das suas ideias.

É o nosso filho mais velho e parece-me que herdou claramente não só o aspecto da mãe bem como a pancada que ela, eu, tem pelo “KAKI” que é como quem diz Mickey.

O Pedro é o espertalhão, o visionário.

Dizer que estes dois anos e nove meses passaram depressa é um eufemismo. Tudo passou de forma  avassaladoramente rápida, e não querendo ser injusta para quem tem apenas um filho, mas com gémeos parece que tudo acontece em sequência sem conseguirmos respirar. Que vivemos em constante apneia.

Estes dois pequeninos são com toda a certeza o melhor de mim. 

O meu mundo. 

O meu tudo.


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