No inicio da entrevista que a Cristina Ferreira fez à Filomena Teixeira, mãe do Rui Pedro desaparecido há 20 anos, ela pedia que se fizesse silencio. O meu silencio é a ouvir o som dos meus filhos, Pedro e Francisco, a brincar, a chorar, a zangarem-se, a rirem, a serem irmãos, a serem filhos… a serem crianças.
Nem que eu desse com a cabeça na esquina mais aguçada e com toda a minha força iria sentir uma parte da dor que esta mulher sente
Nem que eu cortasse partes do meu corpo lentamente iria sentir uma parte da dor que esta mulher sente
Nem que eu procurasse em todos os dicionários do mundo iria encontrar palavras para descrever uma parte da dor que esta mulher sente
Não consigo imaginar o que é ser mãe do Rui Pedro
Não consigo imaginar o que é ser pai do Rui Pedro
Não consigo imaginar o que é ser irmã do Rui Pedro
Não consigo imaginar o que é ser família do Rui Pedro
Não consigo imaginar o que é ser conhecido do Rui Pedro
Mas sei que não consigo esquecer o Rui Pedro.
Esta mãe jamais matará o seu filho ainda que a justiça lhe prove que a sua morte é real… ela terá vivido a maior parte da sua vida em modo sobrevivência, em modo altamente drogada e alheada da realidade
A sua irmã terá vivido entre o sentimento de abandono de uma mãe com a qual viveu mas que será sempre uma sombra do que poderia ser se sua realidade fosse outra, e sobreviver e viver os seus dias com alguma normalidade.
Não sei o que é ser Filomena Teixeira mas sei o que é ser imensamente grata por ter a possibilidade de tocar nos meus filho… AGORA!
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