Por vezes interrogo-me sobre esta
minha forma de me dar. Questiono porque me é tão fácil tocar nos que estão mais
longe e espicaço quem está aqui mesmo ao lado. Porque razão tenho esta forma de
exigir e criticar os que mais amo e afago e aceito as diferenças dos que estão
do outro lado. Porque razão me defendo e me escondo dos que amo e me exponho
aos que não me conseguem tocar. Por vezes interrogo-me sobre esta carapaça de
arrogância e autoritarismo que visto sempre que me encontro com as pessoas
importantes da minha vida quando a todas as outras me mostro… nua. Por vezes
interrogo-me porque razão não sei amar os que me amam com a mesma eficiência
com que uso as palavras com todos os outros que me procuram. Por vezes penso na
esquizofrenia de viver entre a sara que os que me amam vêem, a sara que outros
lêem e admiram e a sara real, a sara implacável que não sabe lidar com os seus
falhanços imperfeições (sendo que na realidade eu sou todas as três e mais).
Não fui feita para falhar. Não admito falhar, não aceito o meu erro, não sei
lidar com o meu fracasso. E nesta busca da perfeição… já falhei muito, já errei
demais e já fracassei mais do que algum dia irei admitir.
Por vezes interrogo-me de onde
veio esta necessidade de ser competente, de ter a folha imaculada sem faltas,
sem negativas, sem folhas rasuradas, sem cartolinas vincadas, sem imperfeições.
Quando nasceu isto?
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