11/09/2014

O MEU 11 DE SETEMBRO de 2001

Estava sentada à frente do meu estirador, no atelier. Regressada da hora de almoço o meu telemóvel vibrou e no ecrã uma mensagem: "Não vais acreditar um avião embateu numa das twins towers". Recordo-me de ter comentado esta mensagem em voz alta e de nenhum dos presentes ter valorizado, cheguei mesmo a dizer "que estupidez um amigo meu enviou-me esta mensagem não pode ser verdade", "o que lhe terá passado pela cabeça para fazer esta brincadeira tão parva, ainda em Fevereiro estivemos lá". Momentos depois enviou-me uma outra mensagem a dizer que novo avião tinha embatido na outra torre e aí, só aí é que corremos para o único computador com internet no atelier para verificarmos se era mesmo verdade.
As imagens chegaram até nós lentas, demasiado lentas para a nossa enorme curiosidade. Os meios eram escassos. Mas as imagens chegavam e nenhum de nós queria acreditar no que via. Dois pilares imponentes e majestosos dos super indestrutíveis estados unidos da américa tinham sido feridos de morte. Pintados com os cores do horror. E nós estávamos ali, umas 6 pessoas à volta de um ecrã, a assistir a tudo aquilo de forma incrédula e impotente.
Recordo-me de nesse dia mal ter chegado a casa ter ido olhar para as "minhas torres gémeas" as que tinha fotografado em Fevereiro do mesmo ano. E ali estavam elas, imponentes, majestosas, dominadoras no skyline da cidade. Tinha tido a sorte de fazer um tour de helicóptero por Manhattan e aí o seu domínio sobre toda a cidade era inquestionável. Tentei imaginar aquele local sem a sua presença e confesso que não consegui. 
As minhas twin towers eram locais de fantasia, de alegria, de descoberta. Cada passo que demos em seu redor era  de espanto, cada piso que subimos a alta velocidade naquele elevador supersónico foi uma conquista, cada olhar que lançamos em torno do seu interior ficou registado nas nossas memórias (mesmo para mim que sofro de algumas vertigens). As minhas torres gémeas tinham sido destruídas e apenas ficariam as memorias que construí em torno delas.
Dor. Destruição. Calamidade. O cheiro da morte chegava-nos através das imagens que não pararam de chegar durante horas, dias, semanas... 
Ainda hoje não consigo imaginar a big aple sem um dos seus símbolos. Não consigo imaginar o que é para os nova iorquinos terem perdido tanta gente em tão pouco tempo. Não consigo entender como se recupera a vontade de sair de casa, de largar os nossos, os que se amam. 
Tenho muita curiosidade em lá voltar mas até lá tenho as minhas memórias e as poucas imagens que a tecnologia da época nos permitia. Não são retiradas de um qualquer banco de imagens, saíram da euforia de quem olha para algo deslumbrante pela primeira vez, de quem tira fotografias desfocadas porque o histerismo não permitia mais... estas serão sempre AS MINHAS TORRES GÉMEAS!





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