21/03/2014

QUANDO AS PALAVRAS NÃO CHEGAM...

Ontem não consegui escrever. Sentei-me à mesa da sala, de frente ao mar, abri o computador e fiquei parada na primeira página deste blog. Fiquei ali a olhar e todas as palavras me fugiram. Só me apetecia pegar no carro, subir os 5 andares do prédio dos meus pais, entrar casa dentro e abraçar o meu pai. Abraçá-lo e dizer-lhe: não me deixes. Por favor não me deixes.
Ontem eu apenas não consegui escrever.
Fiquei paralisada quando olhei para o ecrã e li as minhas ultimas palavras dirigidas ao meu pai. Ultimas ontem porque hoje falarei com ele de novo, dir-lhe-ei que gosto dele, irei discordar dele, irei irritar-me com ele, irei rir com ele, olharei para ele, irei ignorá-lo (porque o ser humano é assim), irei amá-lo, irei confortá-lo... mas há uma de nós que já não poderá fazer nada disto.
Há pouco tempo falei do primeiro de nós que chegou aos 40. Foi tão bonito. Tão bom estar em casa, porque nós estamos em casa quando estamos com as pessoas de quem gostamos.
Hoje... hoje tenho de falar da primeira que sofre a perda do seu herói, do seu exemplo, do primeiro homem da sua vida, a que celebrou antes de ontem aquele que já saberia ser o ultimo dia do pai das suas vidas... Ontem foi o pai de uma de nós que partiu.
E as palavras fogem-me... é quase uma sensação de orfandade. 
O senhor Fernando é o pai da Catarina e será sempre isso, o pai de uma de nós. Mas ele era muito mais do isso: pai de 13 filhos, amante extremoso da sua queridíssima Leonor, avô de tantos netos que nem consigo mencionar, amigo de tantos outros. O pai da Catarina era também o pai de uma associação, uma associação que multiplicava o amor de um pai por muitos filhos.
Fogem-me as palavras... mas não me fogem as memorias. As boas. E olhando para trás, e ao ver 20 anos em perspectiva o que fica é o sentido de familia que nunca vi em mais lado algum. A FAMÍLIA. A que a minha amiga Catarina faz questão de colocar à frente de tudo, a mesma que ela reproduziu à sua escala com o meu querido amigo Pedro no seu projecto de vida.
Não sei escrever sobre isto... sobre esta perda que não consigo imaginar. Sobre esta perda que não cabe no meu peito de tanta dor que se sente. Meus amigos meus queridos amigos como eu gostaria de ser mais para vocês neste momento. Como eu gostaria de vos adormecer e durante o sono vos dizer que nada mudou, que ao acordarem o dia do pai se iria repetir da mesma forma como há 20 anos.
Sou este nada que não vos serve neste momento mas que estará sempre presente





8 comentários:

  1. Respostas
    1. Já tinha saudades de te "ver" por aqui <3 obrigada pelo carinho

      Eliminar
  2. :'( como compreendo esta situação. .. beijos grandes para ti e principalmente para os teus amigos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A fé que eles têm ajuda muito nesta hora da partida... mas não mata a saudade. Obrigada pelo teu carinho amiga <3

      Eliminar
  3. Também conheço a Catarina :) e mais alguns dos irmãos. Partilho contigo essa perda... é impossível não sentir as lágrimas depois de ter partilhado com eles a ausencia e agora ao ler este post... Bj

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Cada vez que as leio sinto que são poucas mas sinto-as como no primeiro momento em que as escrevi. A catarina e a familia castro entraram na minha vida ha 20 anos, pela mao do pedro... e ja nao vao sair <3

      Eliminar
    2. È bom termos essa familia em comum :) Achei engraçado porque te leio já há uns tempos :)

      Eliminar
    3. Que bom Rita... é muito bom quando partilhamos pessoas tão bonitas e tão inspiradoras e o meu muito obrigada por achares que as minhas palavras sao merecedoras do teu tempo. Beijinhos coloridos

      Eliminar

design

design by: We Blog You