Desde que me mudei para a linha
que passei a viver num estado de saudade constante de Lisboa. Eu sou uma pessoa
de cidade e praia. Confesso que campos bucólicos cheios de trigo e de papoilas também
me agradam mas (um grande mas) uma miúda tem direito às suas preferências certo?
Preciso sentir que tenho opções
mesmo que no final opte simplesmente por entrar em modo brócolo contemplativo e
inerte e não faça nada… fique ali apenas a pairar e a observar. Eu preciso do
barulho do 28 ao passar, dos vários sotaques e línguas que se misturam, do
toque dos sinos das igrejas que se fazem ouvir sobre o borburinho da cidade,
dos gritos “oh Maria Jaquina apanha a roupa que vai chover” que ecoam nas
ruelas tortuosas dos bairros mais antigos.
Eu gosto de me perder nesta
cidade que me acolheu desde o primeiro dia. Gosto dos seus sons, dos seus cheiros,
das suas sombras. Gosto de ti Lisboa.
E ontem foi dia de me encontrar
em locais onde já fora feliz. Passear pela sé, entrar e sentir uma paz que
apenas consigo encontrar ali, onde a presença de alguém superior apazigua as
minhas inquietudes, dar um saltinho à Igreja de santo António e agradecer o
senhor marido maravilhoso (tem dias, muitos dias, quase todos os dias) que me
colocou no caminho, descobrir os últimos grafitis tatuados nas pedras sagradas,
fotografar, passear com uma querida amiga, rir, pousar, improvisar, chamar mais
amigos,… e lanchar num dos sítios mais queridos para nós (eu e ele), o POIS
CAFÉ. Encontramos Lisboa e o mundo ali. Os idiomas misturam-se e dão lugar a um
borburinho absolutamente delicioso e único. A sensação de que temos todos os
continentes sentados na nossa sala de estar, no sofá acolhedor e na mesa
comprida onde há sempre lugar para mais um. Mais amigos, uma gravida, menina
para uns menino para o pai (coitado ainda não entendeu que não manda nada).
Mais recordações boas a nascerem ali, a juntar àquele dia em que eu tive de o
reconquistar. Àquele dia em que ele me disse que estava solteiro e que estava a
adorar (e eu ali, cheia de esperanças e vontade de que era desta, à quarta, que
nos iriamos acertar). Recordações boas, daquelas em que esboçamos aquele
sorriso egoísta que só nós entendemos.
Depois um jantar improvisado num
dos destinos mais queridos (mas não pensado nem desejado no momento) o Mercado
de Campo de Ourique (ou para nós, pessoas ramboieiras, chã de ouri, parvoíces que
nos fazem rir). E apaixonei-me. Pelo ambiente, pelo caos que o convívio entre
tribos provoca, pelos cheiros das carnes que grelham sem parar, pelo barulho
que os copos provocam quando se brinda entre amigos. A cidade está viva. E eu
estava entre amigos.
De facto eu amo a cidade de
Lisboa (perdoa-me cascais mais ainda não me conquistaste) e amo cada centímetro
de felicidade que me proporcionas. AMO-TE!
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