17/01/2015

USEI A TUA COR

Durante muitos anos (demasiados) não te era permitido dizer que de que clube eras. Durante muitos anos o avô levou-te a calar que o teu coração além de vermelho vibrava por aquele clube que viste nascer. Conseguiste sobreviver a essa tirania celebrando calada as vitorias dos teus e verbalizando alegremente as vitorias dos outros. Dos verdes, dos verdes do avô, dos verdes das tias, dos verdes dos genros, dos verdes das netas. De todos os verdes que te rodeavam. O vermelho estava apenas reservado para o favorito (palavras delas), para o meu pai. O revoltado que sempre assumiu as cores do seu coração de peito feito contra todas as ameaças do avô. Tinhas receio pelo teu menino e assistias calada. Demoraste anos a verbalizar que o Benfica do teu filho era também o teu. Mas conseguiste avó. E foi tão libertador ver-te assim, sem ter de reprimir uma coisa tão simples como: viva o Benfica.
Ontem, regressei, ao restaurante onde nunca cheguei a jantar naquele dia. No dia em que a minha mãe me anunciou a tua partida. Ontem vesti-me com a tua cor e com o coração apertadinho, entrei, sentei-me, aproveitei a companhia dos amigos e sabes? Houve momentos em que me esqueci da dor. Não sei se te peça perdão ou te agradeça a força que me deste. Usei a tua cor para me dar conforto. E sabes avó? Deu! O meu coração é verde tu sabes, mas por ti, pelo meu pai, o vermelho está-me literalmente no sangue.
Ontem usei a tua cor e tornei-a minha!

Chapéu de Coco vermelho da Brixton e fio Colorful Vintage FIOAPAVIO

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