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09/09/2019

PORQUE RAZÃO TEMOS MAIS TEMPO PARA A MORTE DO QUE PARA A VIDA?

Não consegui chegar ao autor desta maravilhosa imagem mas os créditos vai inteiramente para quem a criou pois é apaixonadamente realista





Já repararam que ando a desarrumar a mobília que decora este meu pequeno T0 cerebral e uma das questões que mais tem persistido é esta: Porque razão temos mais disponibilidade para a morte do que para a vida nos dias que correm?

Olhando para trás, e sempre que alguém que me era próximo partiu, todos os meus amigos estavam lá. Estavam mesmo! Não entendo de onde vinham nem como vinham mas estavam lá. Meu Deus e que bem que soube.
Sempre que um de nós perdeu alguém rapidamente outro alguém fazia por juntar as "tropas" e lá estávamos nós. Juntos. De novo. Na dor... Uns ficavam mais tempo do que outros mas sempre presentes. Como se a dor partilhada entre amigos fosse menos penosa e difícil de carregar. E é. É mesmo. Ter alguém que nos dê a mão e nos diga "um dia melhora" é tão apaziguador e reconfortante que todos temos direito a viver esse momento.

Mas se assim é, se na morte encontramos o tempo que nos foge no dia a dia, porque razão não celebramos a vida? Porque razão no nosso quotidiano a morte tem lugar de destaque?
Não imaginam como preciso de uma mão a tocar-me e alguém a dizer "tudo vai passar". Precisei (preciso) tanto! Daquele abraço sem palavras mas em que se diz tudo.
A vida é irónica. Tenho tantas saudades de tantas pessoas que não vejo há algum tempo que dou por mim a pensar que me parecem estar tão mortas como as que efectivamente já não estão no plano terreno.

Porque razão é tão fácil encontrar desculpas para a vida e não o fazemos perante a morte? Confesso que num daqueles dias menos bons destes últimos 3 anos dei por mim a deambular por estas palavras " quem não tiver tempo para rir e chorar comigo em vida, que não arranje tempo para me chorar em morta". São aparentemente duras e cruéis estas palavras? Talvez sejam mas aqui eu só escrevo o que realmente sinto. Verdades, as minhas verdades. Existirão outras e tão validas como estas. Existem sempre varias versões da mesma historia, eu não as conheço e por isso vou libertando os meus fantasmas sempre na busca de uma paz que me tem faltado.
Esta necessidade de arrumar estes pensamentos, e de os ver ganhar forma no papel/ecrã, vêm sempre do ensinamento que tive há uns anos aquando da minha primeira grande depressão diagnosticada "eu só curo o que verbalizo/escrevo"

Mas exigir de um amigo aquilo que não se está disponível a dar, não é leal e é muito tonto. Por isso é tempo de arrumar as gavetas cerebrais desarrumadas e arranjar espaço/tempo para o que realmente importa: "VIVER COM OS QUE NOS SÃO QUERIDOS, HOJE! Amanha pode ser tarde"

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