1 Dezembro 2015
Depois de ligar à minha mãe a contar o que nos tinha acabado de
acontecer era tempo de enxugar as lagrimas, lamber as feridas e pensar numa
solução.
Há muito que eu guardava o nome de um médico que tinha acompanhado um
casal amigo no seu problema de infertilidade, porém a clinica não tinha
acordo com a nossa companhia de seguros e deixámos esta opção como plano B.
Pois estava na hora de o acionar, eu não estava disposta a entrar em 2016 com
tantas dúvidas e perguntas por responder. Rapidamente me agarrei ao telefone e
ao Google e percebi que o Dr. Paulo Vasco além de dar consultas na clinica AVA também
dava na Cuf de Sintra (aqui não como especialidade de infertilidade mas como
ginecologista) o que para efeito de primeira consulta era o bastante para nós. Marquei
logo consulta para dia 5 e digo-vos que foi muitíssimo importante que o tivéssemos feito
de forma rápida e célere. Dezembro é um mês nostálgico, de mudança de ano e
vivê-lo de forma angustiante não era de todo o que tínhamos imaginado.
Chegou dia 5 e munidos de todos os exames que fizemos lá tivemos o nosso
encontro com o Dr. Paulo Vasco e tudo mudou. Mudou mesmo! Além de ser uma
pessoa muito sensível e atenta à nossa parte emocional (e já vos explico melhor
esta minha afirmação) ele é um médico extremamente acessível que nos explica tudo
ao detalhe até que todas as nossas dúvidas se dissipem. Ficámos logo a perceber
por entre linhas que ele jamais me teria feito a miomectomia sem analisar o
desenvolvimento do mioma maior e que apresentava maiores riscos de degenerar em
algo maligno. Segundo ele um mioma que degenera tem um desenvolvimento
muito rápido, logo esperar e analisá-lo por um período poderia ter sido a
melhor opção. Mas é engraçado como a classe médica respeita os seus códigos deontológicos
pois ainda assim ele deu o benefício da dúvida à nossa médica e explicou-nos
que muitas vezes existem miomas que estão escondidos atrás de outros e só se
tornam visíveis quando os segundos são retirados… no
entanto nem ele conseguia justificar a omissão.
A determinada altura ele pediu-nos a análise morfológica dos miomas. Como? Análise do quê? Nunca tínhamos visto nenhum documento com aquele nome. O Dr. Vasco disse que tínhamos direito a essa análise e que através dela iriamos perceber o que de facto tinha sido retirado na operação. Uma vez que esta ocorrera na Cuf de cascais o sistema era o mesmo e que podíamos pedir o documento quando terminasse a consulta (mais uma para juntar às nossas desconfianças).
A determinada altura ele pediu-nos a análise morfológica dos miomas. Como? Análise do quê? Nunca tínhamos visto nenhum documento com aquele nome. O Dr. Vasco disse que tínhamos direito a essa análise e que através dela iriamos perceber o que de facto tinha sido retirado na operação. Uma vez que esta ocorrera na Cuf de cascais o sistema era o mesmo e que podíamos pedir o documento quando terminasse a consulta (mais uma para juntar às nossas desconfianças).
Apresentámos os exames e apesar da minha idade (39 anos na altura) ele
disse logo “temos um valor baixo de folículos, mas nós só precisamos de um não é?
Com um temos uma possível fecundação, uma possível gravidez e um possível bebe”
imaginam o que é ouvir isto? Finalmente ter alguém que apesar de nos dizer que
vai ser difícil que não é impossível? Que não me diz de forma bruta e insensível,
como uma conhecida obstetra/ginecologista e blogger conhecida, “estás velha
queres o quê?”. Tanto eu como o João bebíamos as suas palavras de forma sôfrega.
Percebemos que um dos exames que fizemos não estava tao bom como a outra médica
tinha dito e que seria obrigação dela o mandar repetir, coisa que obviamente não fez
e nem sequer o mencionou.
Enfim, quanto mais avançávamos na consulta mais confiantes estávamos que
independentemente do desfecho da nossa história este era o nosso médico. Aquele
que nos dava a confiança roubada.
Face ao nosso historial, aos exames que tínhamos à nossa frente e também
porque com a miomectomia era necessário esperar que o útero regenerasse, a próxima consulta
seria a 29 de Fevereiro, ainda ali na Cuf de Sintra.
Nessa altura ele iria analisar os exames e iriamos decidir o que fazer
no futuro.
Saímos do gabinete e tanto eu como o João trazíamos um sorriso no
rosto. Tanto eu como ele éramos os mesmos de quando entrámos porém estávamos muitíssimo
mais bem informados e conscientes do que o futuro nos poderia reservar.
Dirigimo-nos ao guichet para pagar a consulta e para pedir a tal
anatomia patológica. Foi-nos dada na hora. Um envelope fechado. Ali dentro
estava a resposta às nossas dúvidas dos últimos dias, a resposta à pergunta se teríamos
de facto sido “enganados” quanto aos miomas que me foramretirados. Entrámos no
carro… e eu abri o envelope.
(continua)
Princesa!!!
ResponderEliminarCom tanta ansiedade pelo episódio seguinte deixas-nos assim...ai ai que sofrimento.
O Amor supera tudo e todos.
A vossa história aqui contada, para os casais que também passaram pela Infertilidade, faz com que se retratem com cada palavra, cada atitude, cada gesto. Estou a rebentar de ansiedade, prepara o próximo.
Beijo gigante para os 4.
Obrigada amiga... a partilha de todas as emoções, medos, angustias, sem filtros é mesmo para isso. E é muito gratificante receber mensagens que vão de encontro a esta nossa intenção. Beijinhos coloridos de nós para vós <3
EliminarQuerida Sara, desde que tive a Ritinha nao tenho tido tempo para ler mas agora, desde a primeira crónica desta mae em construçao, que fiquei de novo viciada na leitura e agarrada a esta "história da vida real". Uma história de coragem, muito intensa e carregada de sentimentos.Vou ficar a aguardar pela próxima até porque esta terminou cheia de suspence!!Um beijo enorme cheio de carinho de todos ca de casa!!💛💛💛
ResponderEliminarOla Vânia essa ausência é mais do justificada e é sem duvida pelo melhor motivo de todos :) esta é definitivamente uma historia real, como tantas outras, onde eu sem pretensões nem subterfúgios. Sou eu, somos nós, como tudo o que temos de bom e mau. Um beijo enorme e bom fim de semana.
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