Setembro 2015
Estava seguramente muito perto do meu limite. Todos à
minha volta a dizerem que tinha de ter calma, que tudo ia correr bem, que não
podia enervar-me assim pois ia fazer uma intervenção cirúrgica e que por muito
que fosse algo "normal" envolvia sempre os riscos inerentes à mesma.
No meu íntimo eu sabia que, graças a deus, não seria a falta de comparticipação
por parte da seguradora que me faria não ser operada mas era todo este acumular
de tensões, de conversas empurradas e adiadas, de incompetências que me eram
totalmente alheias que mexiam com a minha vida. E o meu sogro numa cama de
hospital... com prognostico reservado e difícil. Calma? Como é que se fazia
isso?
Perdi a conta ao número de vezes que na véspera da operação ligámos
para esta trilogia Banco (pois uma vez que o seguro havia sido feito
através deles também os incubi de pressionarem a companhia de
seguros/hospital/companhia de seguros. O resultado...nada. Nenhuma resposta.
Finalmente o dia da operação. Fomos para o hospital para ter as
consultas com a anestesista e e fazer o eletrocardiograma. E espantem-se… tinha a tensão elevadíssima. Porque seria? Que
coisa estranha depois de terem tornado a minha num verdadeiro inferno nas últimas
semanas era suposto a pessoa estar em modo calmo e tranquilo. Perante isto a
anestesista optou por anestesia geral e que finalmente tinha alguém que me dava
algum tipo de tranquilidade no meio do caos emocional em que me encontrava.
Fui para o piso dos internamentos e as rececionistas ao acederem ao
computador olharam para nós com cara de pânico… “não têm ainda a aprovação da
companhia de seguros”. Perante o nosso ar de “e novidades ??” (a esta altura já
estávamos por tudo) lá deixaram sair a medo “vão ter de pagar a operação na
integra agora”. Fazer o quê? Agradecer por esse não ser o nosso maior problema
no momento (não houve um segundo em que me esquecesse que a poucos quilómetros
dali o meu sogro estava numa cama de outro hospital). Pagámos e depois de tanta
confusão e burocracia, aquele que é o meu porto seguro e um poço de paciência literalmente
passou-se quando o telefone da companhia de seguros voltou a tocar no meu telefone
para nos dizer que ainda não haviam liberado a operação.
Conseguem imaginar este cenário: eu a vestir-me para entrar no bloco,
em 30 minutos, e o meu marido a chatear-se com a companhia de seguros que sabia
que eu ia para o bloco às 15 e que me estava a ligar para dar uma notícia absolutamente
ridícula, roçando a irresponsabilidade e que não era novidade para nós.
Naquele momento apenas consegui rezar… pedir que o meu coração não dificultasse
uma operação que aparentemente seria fácil, que tudo corresse bem e que ao
acordar tivesse a mesma visão daqueles olhos verdes a sorrirem para mim e que o
meu sogro resistisse a mais uma provação.
Não vi nenhuma luz ao fundo do túnel (permitam-me o humor negro mas por
vezes é a única forma de aligeirar as coisas) e quando acordei vi um homem sexy
de toca na cabeça a pestanejar para mim… apaixonei-me de novo! Não me lembro do
que dissemos (eu sou ótima a dizer parvoíces depois de uma anestesia geral… da
ultima disse ao João que preferia fazer mil tatuagens do que ser operada, o que
não deixa de ser verdade) mas lembro-me vagamente da médica dizer que tinha
corrido tudo bem.
E para verem como a vida é irónica nesse mesmo dia recebi uma mensagem
no telefone a dizer que a companhia de seguros havia autorizado a operação que já
tinha acontecido. É melhor rir do que chorar perante algumas situações
correto?
(continua)
Princesa,
ResponderEliminarA tua determinação e de todos os que te rodeiam vale ouro.
Sim tinhas de fazer a cirurgia porque estavas lá para isso e para seguires em frente.
A vida é mesmo assim feita de decisões e com resultados positivos.
(Continua)...mais que ansiosa!!!
Foi muito duro tomar essa decisão... beijocas querida <3
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