Hoje comemora-se o
dia internacional da mulher e eu poderia perder-me por factos históricos. Dizer-vos
que o dia Internacional da Mulher surgiu na virada do século XX, no contexto da Segunda Guerra Mundial e da Primeira Guerra Mundial, quando se deu a
incorporação da mão-de-obra feminina, em massa, na indústria. Ou que o primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados
Unidos em memória do protesto contra as más condições de trabalho
das operárias da indústria do vestuário de Nova York.
Mas, e com o devido respeito, opto por falar-vos das mulheres da minha vida,
daquelas que se tornaram um exemplo para mim, aquelas que me ensinaram a ser a
mulher que sou hoje.
As primeiras de
todas: as avós. Duas mulheres distintas: uma da cidade e outra do campo. A
primeira sabia bordar, delicada, cantava no coro da igreja de Carnide, aprendeu
a calar a sua voz sobre o autoritarismo da sua mãe e mais tarde do marido,
mimou o meu pai, escondeu que era do Benfica, alimentou em mim a memória de um
avô que nunca conheci, de pele macia, as rugas mais bonitas que conheço, que
fala sozinha, que depende de todos porque nunca soube dar um murro na mesa.
Assim é a minha avó da cidade. A outra, a do campo, era lutadora, boa
cozinheira, destemida, guerreira, escrevia-me cartas, enviava-me encomendas com
chocolates e flores (que chegavam murchas depois de 6 horas enfiadas numa caixa
de cartão), ensinou-me a bordar, ensinou-me a coser à máquina, ensinou-me a ser
a neta mais velha, deixou que lhe desenhasse a última morada.Não me ensinou como suportar a dor da sua partida.
Agora as amigas. As
de sempre, as de ontem, as que conheço apenas pela forma como escrevem, as que
conheço apenas pelo tom de voz, as que nunca ouvi mas que habitam no meu coração,
as que estão lá mesmo quando não as chamo, as que me chamam mesmo quando não
estou à espera. As amigas que critico, que me criticam, que me chamam à razão
como só as pessoas que gostam fazem, as que choram comigo, as que me limpam as
lágrimas, as que fazem tatuagens comigo, as que estão tatuadas no meu coração,
as que partilham o seu amigo especial entre um mergulho e uma dentada numa
sandes deitadas na toalha da praia. Para todas elas há um lugar guardado em mim…
sem elas eu não sou esta mulher que vos escreve.
Agora a mais
pequenina, aquela a quem eu daria a minha vida por ela (desculpa João mas dava
mesmo como daria por ti e pelos meus pais), aquela que é uma estrelinha na
minha vida, aquela que está tatuada no meu pé, a afilhada mais bonita e doce que alguém
pode ter. A que dá os gritinhos mais deliciosos quando me vê, a que dá os
melhores abraços, a que diz tenho saudades sem pudor, a mais vaidosa mas a mais
engraçada com o seu jeito de menina mulher. A minha vida é muito mais feliz
desde que recebi um telefonema dos meus primos, em alta voz, a fazerem a
pergunta que não precisava de ponto de interrogação. Ela seria sempre minha
mesmo que não fosse afilhada, tal como é o irmão.
Por fim, mas não menos importante, antes pelo contrário. A mãe. A minha mãe. Aquela que me colocou no
mundo num período de dificuldades, a que me levava ao colo até ao quinto andar
quando não havia elevador, a que se perdeu comigo nos corredores de santa maria
quando estava doente, a que nunca saberá o quanto eu a admiro, o quanto
ambiciono um dia ser metade da mulher que ela é. A mãe que faz os melhores rissóis
do mundo (e não é dito por mim), a que não gosta nada de tatuagens, aquela que
eu magoei de forma atroz quando lhe disse que já não queria viver, aquela que
se preocupa comigo da mesma forma tenha eu a idade que tiver. A minha mãe. A
minha mãe é tudo para mim, dizer que lhe dava a minha vida é pouco, dar-lhe-ia
todas as encarnações que me estão guardadas e mais… muito mais.
A todas estas
mulheres eu devo um obrigada e a minha gratidão eterna. Graças a elas eu sou
uma mulher muito mais feliz.
Feliz dia da mulher a todas as mulheres da minha vida.
As mulheres das nossas vidas são as nossas heroínas :)
ResponderEliminarSão mesmo! Todas sem excepção têm a sua importância e lugar <3
ResponderEliminar